Iniciativa tem como objetivo garantir ao consumidor um produto padronizado e de alta qualidade através do uso da tecnologia
A tecnologia, através de softwares de coleta e processamento de informações sobre características de carcaça e qualidade da carne para cada animal, pode e deve ser usada como aliada na busca por incentivar o maior consumo de carne de cordeiro por parte dos brasileiros. Neste caso, a fim de garantir ao consumidor um produto padronizado e de alta qualidade se faz necessário que as marcas de carne de cordeiro – bem como de ovinos em geral – procurem aderir aos programas de certificação da carne.
De acordo com Diretor e Pesquisador em Ciência Animal da Brazil Sheep Quality, Marcelo Coutinho, tanto os produtores quanto as indústrias e os varejistas são carentes de informações sobre a importância de uma padronização e da garantia de qualidade de carne para os ovinos. “Pensam muito em produtividade e sanidade em ovinos, mas a parte da qualidade da carne é deixada de lado”.
Assim, empresas de tecnologia com selo USP, igual a startup a qual Marcelo Coutinho representa, que trabalham com pesquisa científica no âmbito animal com pesquisadores, engenheiros, zootecnistas, médicos veterinários e doutores – conseguem identificar os pontos críticos que precisam ser monitorados e controlados para a produção de carne de qualidade para o consumidor.
“Eu vejo como medidas básicas o controle do resfriamento e do PH, bem como da padronização de carcaça para acabamento e peso. Sem dúvida, só controlando esses sistemas a gente já evolui muito. A certificação da carne de cordeio veio para colocar a proteína ovina em outro patamar para os consumidores”.
Ganhos para a marca
Ao aderir ao programa de certificação da carne de cordeiro, a marca irá obter vários ganhos, de acordo com o pesquisador. O primeiro será de entender os fatores que afetam a qualidade da carne, os processos que precisam de uma atenção especial e, com isso, oferecer produtos mais padronizados e com garantia de qualidade.
Outro benefício é dar o devido reconhecimento a essa marca de carne através do selo do programa na embalagem. “Isso, por si só, já mostra como a empresa é mais idônea, que se preocupa com o processo, com mais credibilidade e que busca oferecer produtos com maior padronização e garantia. Assim, consegue se diferenciar no mercado, que tente cada vez mais a ser competitivo”.
Além disso, Marcelo Coutinho explica que a marca que aderir ao programa de certificação de carne terá acesso a toda uma plataforma tecnológica, onde receberá um feedback da qualidade da carcaça produzida. “Assim, o produtor vai conseguir identificar os pontos fracos e forte para ter uma melhora continua da qualidade da carne. A indústria, da mesma forma recebe o feedback. Ela sabe quais produtores fornecem de melhor qualidade, quais produtores tem dificuldade em termos de carcaça”.
Como resultado, todo o segmento ganha, ainda segundo o pesquisador. “O produtor, a indústria que processa essa carne e o varejo lá na frente que consegue ofertar os produtos com melhor qualidade e maior garantia. E o consumidor que irá reduzir as experiências negativas e, assim, irá aumentar a satisfação e aceitação. Com isso, toda a cadeia da carne ovina se fortalece”.
Mercado da carne de cordeiro
Para finalizar, Marcelo Coutinho faz questão de frisar que enxerga que o mercado de carne de cordeiro vive um momento de grande oportunidade. Contudo, é hora da cadeia produtiva da carne ovina se organizar, usar conhecimento e tecnologia a seu favor, para que entre no segmento de proteínas premium de uma forma significativa.
“A gente sabe que a carne de cordeiro tem, quando bem produzida, é deliciosa, diferenciada. É uma carne que alcança altos valores agregados, mas para isso a gente precisa organizar a cadeia. Ter um sistema de tipificação e classificação de carcaça e carne. Eu acredito que a aceitação mude a partir dessa certificação, porque se a gente diminuir as experiências negativas do consumidor com a carne, o mercado tem um potencial gigantesco de crescimento”, finaliza.
Por Natália de Oliveira/Agrovenki
Crédito da foto em destaque: Divulgação
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