Trata-se de uma garantia de que o animal é, de fato, Puro de Origem (PO), ou seja, é resultado de um trabalho pautado em melhoramento genético, com controle de genealogia, que irá agregar precocidade, acabamento de carcaça e padronização da produção
Um dos grandes entraves da criação comercial da raça Dorper e White Dorper, bem como da ovinocultura de corte no modo geral, é colocar de vez na cabeça de alguns criadores sobre a importância de se usar apenas reprodutores registrados na Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (ARCO). Inicialmente, a principal justificativa para a compra de animais sem essa certificação – mas que, para eles, visivelmente atendam os padrões raciais – é o alto custo. Contudo, já diria aquela expressão popular, “o que é barato, sai caro”.
Márcio Cordeiro, titular da Kaiowas Dorper, de Itapetininga/SP, explica que é importante o uso de reprodutores registrados em rebanhos comerciais pois eles já vêm de um trabalho pautado em melhoramento genético, com controle de genealogia e garantia de ser um animal puro de origem. “Sendo um animal puro, teremos uma heterose de qualidade no produto nascido, agregando precocidade, acabamento de carcaça e padronização da produção, otimizando assim o custo do produto, dando-lhe a certeza de um bom investimento no reprodutor puro de origem registrado”.
Outro ponto que deve ser mencionado é que o registro genealógico de ovinos puros é um instrumento que determina a origem do indivíduo e por meio do qual se pode rastrear as linhas maternas e paternas, conforme lembra Guilherme Tapajós Távora, da Dorper Novo Prado, situada em Ocidental/GO. “De posse destas informações, o produtor pode, por exemplo, descobrir de qual criatório veio o reprodutor. Além disso, sabendo quem são os pais, pode rastrear algumas características morfológicas comuns entre os pais e o reprodutor”.
Távora ainda acrescenta: “A aquisição de um reprodutor registrado facilita em muito a comercialização dos produtos pois, como disse, confere rastreabilidade da origem do animal. Além disto, o registro agrega valor ao animal. Qualidade de carne ou melhor aproveitamento de carcaça são consequência da utilização de reprodutores registrados com qualidade para a produção de animais de corte.”
Riscos do uso de reprodutores sem registro
Sobretudo, o investimento em animais puros de origem traz resultados imediatos ao criador, diferentemente do que ocorre fazendo uso dos reprodutores sem registro, é o que garante Pedro Rocha, titular da Cabanha CPM, de Mandirituba/PR. “Esse animal não vai transferir sua eficiência genética, por já ser um animal cruzado. Afinal, ele não tem o poder de ser um raçador, o que irá afetar diretamente na produtividade e eficiência do rebanho. Esse tipo de animal é um atrapalho de mercado”.
Roberta Simões, do Rebanho SMelo, de Araripina/PE, conta que a luta é grande no Nordeste para tentar adequar um reprodutor PO registrado em cima de uma produção de carne. “Existe essa concorrência desleal em cima de um tal ‘PO sem registro’, mas sempre mostro que o animal registrado é o que vai dar o resultado no ganho de carcaça e melhoramento genético em cima de qualquer plantel comercial. Às vezes acham caro a compra de um reprodutor PO Registrado, mas ali vai todo o trabalho feito desde o acasalamento até a fase reprodutiva com todos os dados geneticamente”.
A criadora ainda aproveita para fazer um alerta: “Outra coisa que merece destaque é que nós, como criadores e selecionadores, temos que ter a consciência de fazermos o melhor para o cliente não vendendo animais com defeitos funcionais. Somente assim o cliente vai retornar ao seu plantel e fazer uma ótima propaganda. Eu tenho um critério muito grande de seleção na minha propriedade, animais que eu vejo que não tem futuro, não são comercializados”.
Como adquirir reprodutores registrados com segurança?
Já ficou mais do que claro as vantagens de se adquirir um reprodutor, de fato, registrado, não é mesmo? Então, para garantir que você, criador, não caia nessa armadilha, os criadores entrevistados nesta reportagem deram algumas dicas de como garantir uma compra segurança de um reprodutor para atender o seu rebanho comercial.
“Ao buscar um reprodutor, o criador deve se atentar ao histórico do vendedor, à genética escolhida, se o animal possui uma genealogia conhecida por bons animais funcionais, se o registro está sem restrições na ARCO (em caso de uma futura revenda) e aos preços praticados como base de mercado para reprodutores comerciais”, orienta Márcio Cordeiro.
Pedro Rocha reforça. “Analise seu fenótipo, para qual tipo de cruzamento será mais eficiente. Devemos verificar o tipo das fêmeas para este acasalamento, para não colocar animais muito grande em fêmeas pequenas, pois pode ter dificuldade na hora da cria. E a cabanha que esteja vendendo os animais para cruzamento que faça a certificação do animal. Exame andrológico e verificação dos testículos (assimetria, circunferência) são elementos diferenciados para que realmente o sistema de cruza seja eficiente. O que deve ser banido de comercialização são animais tipo descarte colocados como comercial, mesmo sendo tratado como animal de um padrão comercial, mas seus valores genéticos e fenótipo devem ser respeitado para sua herdabilidade”.
“Conhecimento é um capital essencial para quem deseja ingressar na ovinocultura. Há muita informação disponível na Internet. Para buscar um reprodutor Dorper ou White Dorper, o interessado precisa conhecer minimamente os padrões raciais, a ênfase em funcionalidade e, não menos importante, qual o manejo necessário para possuir um reprodutor pelo maior tempo possível”, finaliza Guilherme Tapajós.
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Por Natália de Oliveira/Assessoria de Imprensa Agrovenki
Crédito da foto em destaque: Arquivo pessoal/Wilson Braga
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