À frente da Associação Brasileira dos Criadores de Dorper e White Dorper (ABCDorper) desde 2022, Pedro Rocha de Abreu Filho se prepara para encerrar sua gestão em outubro deste ano, quando uma nova diretoria será eleita entre os sócios da entidade. Em seu período como presidente, a Associação ampliou sua presença nacional, registrou aumento expressivo no número de exposições ranqueadas e lançou uma nova mostra regional — a Sulista das raças Dorper e White Dorper —, que passou a integrar o calendário ao lado da tradicional Nordestina.
Nesta entrevista, Abreu faz um balanço geral do mandato, falando sobre o crescimento das raças no Brasil, os desafios enfrentados e a importância das exposições regionais para integrar criadores e fomentar a ovinocultura. Ele também antecipa as expectativas para a Exposição Nacional das raças Dorper e White Dorper 2025, que será realizada de 08 a 19 de outubro em Serra Talhada (PE) e promete ser histórica, e compartilha sua visão sobre os próximos passos da Associação e o futuro do Dorper e White Dorper no país. Confira a entrevista na íntegra a seguir.

Balanço Geral do Mandato
Que avaliação o senhor faz desses dois mandatos à frente da ABCDorper, de 2022 a 2025?
Pedro Rocha de Abreu Filho – Foi um período de muito trabalho e de busca por uma gestão que proporcionasse integração nacional, oportunizando ações em todo o território brasileiro. Sem tirar o mérito de gestões anteriores, que também cumpriram seu papel, nós conseguimos nos aproximar mais dos criadores, com visitas e participações em eventos em quase todas as regiões. Isso fortaleceu nossos sócios e ampliou o entendimento sobre o papel da Associação.
Implantamos uma gestão enxuta e eficaz, com grandes parcerias, e hoje contamos com um grupo de trabalho coeso, capaz de manter a associação e as raças sempre avançando. Fico muito feliz por ter ajudado a consolidar esse grupo, que atua com visão estratégica para as atividades atuais e futuras. Eu me vejo apenas como um elo que, junto aos demais integrantes e aos sócios, contribuiu para o sucesso das raças Dorper e White Dorper.
Quais foram as principais conquistas da associação nesse período?
Pedro Rocha de Abreu Filho – Podemos destacar o fortalecimento da imagem da ABCDorper, que hoje conta com sócios engajados no sucesso da entidade e na evolução das raças. Em outros momentos, já tivemos dificuldade para encontrar interessados em assumir a direção. Agora, temos bons nomes dispostos a dar continuidade ao trabalho, o que é um marco importante e muito positivo para a associação.
E os maiores desafios enfrentados ao longo desses quatro anos?
Pedro Rocha de Abreu Filho – Os desafios são constantes e fundamentais para a nossa evolução. Eles nascem das demandas dos sócios, e cabe à diretoria conduzir as soluções da melhor forma possível. Eu diria que o maior desafio é aumentar a participação e a integração dos associados, pois isso fortalece o diálogo e torna as ações mais objetivas.
Apesar de contarmos com grupos de comunicação online, nem sempre as discussões são construtivas, mas procuramos avaliar cada ponto levantado e corrigir o que for necessário. Por sermos uma entidade de alcance nacional, às vezes pode parecer que determinadas regiões não receberam atenção, mas a realidade é que faltam braços para chegar a todos. Ainda assim, entendemos que nossas raças estão em pleno desenvolvimento e crescimento dentro da ovinocultura brasileira.
Qual legado o senhor acredita deixar para a ABCDorper e para os criadores após esses dois mandatos?
Pedro Rocha de Abreu Filho – Acredito que o maior legado seja o dever cumprido e o reconhecimento dos criadores. Nosso sucesso foi resultado de um planejamento estratégico bem definido, que buscamos consolidar ao longo do tempo. Nem tudo é possível realizar de imediato, mas deixamos diretrizes para que a entidade continue avançando.
Hoje, a ABCDorper é reconhecida por entidades governamentais e pela ARCO. A aproximação com essas instituições fortalece as raças. Também tivemos atuação importante na Câmara Setorial, levando demandas e discutindo ações necessárias para o desenvolvimento da ovinocultura. É um trabalho contínuo, que exige foco para gerar resultados.

Eventos e Expansão Regional
A ABCDorper realizou em 2025 a primeira edição da Sulista das raças Dorper e White Dorper. O que motivou a criação desse novo evento e qual foi o impacto para os criadores da região Sul?
Pedro Rocha de Abreu Filho – A criação da Sulista atendeu a um desejo dos sócios, inspirada no formato da Nordestina. De acordo com o nosso regulamento, estruturamos a edição para contemplar criadores da região Sul, além de parte do Sudeste e Centro-Oeste. Foi um grande desafio, mas já temos boa adesão em diversos estados. As feiras dessas regiões vêm reconhecendo a importância de receber uma chancela como essa, e a Sulista já nasce com perfil de “pré-Nacional”.
Ainda em 2025, a Nordestina bateu recordes de público, negócios e participação de animais. A que o senhor atribui esse crescimento?
Pedro Rocha de Abreu Filho – A Nordestina se consolidou como um evento grandioso e muito reconhecido. O Nordeste tem uma relação especial com essa exposição, e isso gera uma disputa saudável entre os estados, ao mesmo tempo que promove integração e troca de experiências entre os criadores. Em 2025, tivemos a alegria de realizá-la em Teresina (PI), reunindo criadores de todos os estados da região. Esse encontro, com convivência e aprendizado, é muito enriquecedor e impulsiona o desenvolvimento das raças.
O que essas duas exposições, a Sulista e a Nordestina, representam para a estratégia nacional da ABCDorper?
Pedro Rocha de Abreu Filho – Esses eventos são ferramentas estratégicas, pois cumprem o que prevê o nosso regulamento e, ao mesmo tempo, fomentam o desenvolvimento das raças e da própria entidade. Com isso, conseguimos ampliar o número de sócios e promover o crescimento da ABCDorper em todo o país.

Expectativas para a Nacional 2025 e Futuro das raças
Quais são as expectativas da diretoria para a Nacional ABCDorper 2025?
Pedro Rocha de Abreu Filho – Sabemos da capacidade dos criadores do Nordeste de organizar grandes eventos. O estado de Pernambuco já foi palco da Nordestina, em 2023, e Serra Talhada mostrou força e estrutura para receber um evento. Reconhecemos que a distância pode ser um desafio para alguns, mas também vemos como uma oportunidade de estimular o desenvolvimento da região.
Esperamos reunir criadores de todo o país para apresentar seus trabalhos, trocar informações e aprender. Teremos três leilões na programação e, como de costume, a eleição para o próximo biênio, o que será um marco importante para a entidade.
Podemos esperar alguma novidade ou mudança de formato na edição deste ano?
Pedro Rocha de Abreu Filho – A cada edição, buscamos aprimorar os critérios de julgamento. Teremos três jurados sul-africanos e adotaremos um modelo já testado em Brasília, que atende melhor aos anseios dos criadores.
Como o senhor enxerga os próximos passos da raça no Brasil e o papel da associação nos próximos anos?
Pedro Rocha de Abreu Filho – As raças Dorper e White Dorper vêm registrando crescimento constante no rebanho nacional. Acredito que este seja o momento de implementar o sistema de avaliação genética, que trará mais precisão no desenvolvimento e nas técnicas de seleção. Esse projeto já está em fase de orçamento e qualificação técnica e, nos próximos anos, deverá ser colocado em prática, consolidando ainda mais as raças no país.
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Por Natália de Oliveira/Agência Agrovenki
Crédito das fotos: Divulgação/ABCDorper
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