Grande procura com resultados sendo atingidos
É possível dizer que as raças Dorper e White Dorper figuram atualmente como aceleradoras da produtividade da ovinocultura no Brasil. Além de ser economicamente interessante, justamente por produzir em condições adversas, com um ciclo curto de produção e retorno, e enorme material genético para se trabalhar, o Dorper veio com o tão esperado diferencial da carne com alto padrão de qualidade, exibindo o ‘trio’ indispensável: sabor, textura e maciez. O mercado, com certeza está abraçando esse diferencial.
As raças Dorper e White Dorper ainda não alcançaram todo seu potencial num patamar de ofertas, mas, sem dúvida, está em pleno crescimento. Para Roberto Lucas, proprietário da MF Leilões, que atua nesse mercado de leilões há 10 anos, “em termos comerciais, o Dorper ainda supera o White Dorper em aceitação e valores. Em termos de qualidade, o White Dorper deveria ser mais valorizado”. Numa rápida análise, Roberto afirma que a procura tem sido grande e o mercado está comprador, “o que demonstra aceitação e resultados esperados estão sendo atingidos. O mercado está em expansão e pode crescer mais ainda”. E ele acrescenta: “O crescimento tem sido vertiginoso com novos criadores entrando a cada leilão, o que evidencia o impulso no setor e a valorização da raça Dorper para o mercado de carne. Nos últimos leilões, a média tem sido superior a R$ 6 mil. Tivemos leilões com 7 mil de média.”
Com 38 anos de experiência como leiloeiro rural de várias raças, Sebastião Pereira Júnior, da promotora de Leilões Leilonorte, diz que as qualidades do Dorper são muito visíveis, entretanto a procura é maior que oferta e acredita que para cruzamento industrial, o White Dorper seria o ideal com fêmeas mestiças lanadas. Já o Dorper, por sua vez, seria o ideal para retornar nas filhas destes cruzamentos, proporcionando uma heterose melhor no ganho de peso. “A título de negócios, é interessante notar a valorização aquilatada nas médias dos leilões realizados. Temos verificado, por exemplo, em pregões voltados à genética, um valor médio de R$ 8 mil, e para vendas comerciais, R$ 5 mil”.
Ambos os especialistas do mercado conjugam a ideia de que as regiões de maior crescimento das raças no país são a Norte e Nordeste. “O Nordeste é um dos polos consumidores em crescimento, assim como São Paulo que não deixa a desejar nunca”, comenta Roberto.
Na visão de André de Camargo Assumpção, da AAPA Assessoria, e que também trabalha em parceria com MF Leilões, o mercado das raças Dorper e White Dorper vem crescendo bastante há anos. “Há muita utilização de reprodutores para produção de carne, assim como multiplicação de plantéis de genética”, diz. Assumpção, ovinocultor há 30 anos, vem desenvolvendo seu trabalho de assessoria há 15 anos, e para ele a procura por essas raças é muito grande. E comenta: “Acredito que o que está atraindo compradores e investidores, hoje, tem a ver com muitos fatores diferenciais. A principal vantagem é quanto à melhoria em qualidade e conformação de carcaça quando cruzada com outras raças e, principalmente, conversão alimentar. Por outro lado, ainda falta muito produto para abastecer mercado de carne. Temos dificuldade em fechar a cadeia como um todo. Ainda temos dificuldade em frigorífico com SIF em SP e em vários outros estados, assim como organização da cadeia de produção. Hoje, existe muita procura por cordeiro cruza Dorper e White e, com certeza, falta no mercado”.
Quanto aos pregões, André Assumpção acredita que o quadro é positivo. “Fazemos a grande maioria dos leilões de Dorper e White Dorper. Sempre tivemos muita liquidez e bons preços. Temos feito cerca de 3-4 eventos por mês, e neste ano de 2020, a demanda aumentou muito, com novos, já tradicionais e antigos investidores”.
No geral, levando em conta as análises atuais e o comportamento demonstrado por esse setor, acredita-se que as perspectivas são muito boas. E André argumenta: “Acho que temos muito mercado firme ainda. Eu diria que não vejo hoje qualquer perspectiva de baixa ou saturação. Nós vínhamos obtendo cerca de 5 a 6 mil de média por animal até o ano passado. Este ano, seguramente, as médias passaram para 7 a 8 mil; com certeza uma valorização de 20 a 30%. E, pelo que estamos percebendo, os estados que mais investem são do Nordeste, principalmente pela tradição e adaptação dos ovinos em geral. Também temos aumento significativo em outras regiões como Sudeste, Sul e Centro Oeste”, completa.
Sobre o Dorper!
O propósito de criadores/selecionadores brasileiros das raças Dorper e White Dorper é dar continuidade a um trabalho iniciado por ovinocultores na África do Sul há mais de 60 anos, observando a multiplicação dos indivíduos que mostrem melhoria das características desejáveis, atendendo à demanda do mercado, numa raça especializada em produção de carne.
Em 2009, eram apenas 35 mil animais registrados no Brasil. Em 2018, o Brasil alcançou o maior rebanho da raça Dorper PO do mundo, com 122.500 animais (crescimento de 350%) registrados na Associação Brasileira de Criadores de Ovinos – ARCO e mais de 800 criadores espalhados por todos os estados do país. Hoje, de acordo com informações da ABCDorper, são cerca de 140.000 animais registrados e 1.000 criadores espalhados por 21 estados brasileiros.