A fim de auxiliar criadores em seus trabalhos diários nas cabanhas, a equipe de comunicação da ABCDorper preparou este texto que traz explicações sobre essa biotecnologia de reprodução animal, que proporciona maior amplitude de resultados nos programas de melhoramento genético em ovinos
Com o intuito de obter uma atividade pecuária bem sucedida, é imprescindível que os criadores adotem um programa de manejo reprodutivo eficiente em suas cabanhas. Ou seja, se faz necessário aplicar técnicas e procedimentos que possibilitem, de forma direta e indireta, a reprodução eficiente de seus animais, disseminando, principalmente, a genética de animais de alto valor zootécnico. Entre as biotecnologias mais utilizadas na reprodução animal, destaca-se a Inseminação Artificial (IA), que apresenta um grande potencial de uso em ovinos.
O Médico Veterinário Wilson Gomes Braga Júnior, integrante do Conselho Técnico da ABCDorper e inspetor técnico do Serviço de Registro Genealógico, explica que no caso dos ovinos a Inseminação Artificial deve ser feita via Laparoscopia. “Nos caprinos a técnica pode ser trans cervical ou por laparoscopia, mas nos ovinos, por eles terem na anatomia da cérvix uma dificuldade muito grande de se passarem os anéis para deposição do sêmen no local ideal, a inseminação deve ser feita via Laparoscopia”.
Antes de mais nada vale esclarecer que a técnica consiste em depositar o sêmen, de reprodutores selecionados, diretamente no corno uterino da ovelha. Assim, os espermatozoides percorrem menor caminho até atingirem o óvulo, aumentando amplamente as taxas de sucesso do procedimento. “A IA em si tem vários pontos favoráveis. Primeiro, que com uma ejaculada de um carneiro pode-se inseminar de 20 a 30 fêmeas. Então, você potencializa o uso do reprodutor”, cita Braga.
Outra vantagem da Inseminação Artificial por Laparoscopia (IAL), ainda de acordo com o médico veterinário, é a possibilidade de o criador ter o material genético da IA guardado para, posteriormente, caso seja necessário, utilizá-lo novamente. “Como no caso, por exemplo, de um cruzamento que foi interessante e trouxe alguma melhoria genética para o rebanho”.
Além disso, Braga reforça que a IAL é uma técnica muito pouco agressiva. “Não traz problemas reprodutivos para as fêmeas que foram submetidas a esse procedimento. É de difícil contaminação, de errar, sendo um procedimento totalmente fechado. Ele é muito utilizado no mundo inteiro, e não há nenhum problema em realizar esse procedimento em ovinos”, reforça Braga.
Sêmen fresco, resfriado ou congelado
Com relação a qual tipo de sêmen usar ao se aplicar a IAL, o inspetor técnico da ABCDorper cita que melhores resultados são obtidos com a utilização do sêmen fresco e resfriado. Muito embora os resultados com sêmen congelado de excelente qualidade, ou seja, oriundos de centrais credenciais, também são bastante satisfatórios.
“Assim, o criador terá a garantia da qualidade daquele sêmen e da condição sanitária dos animais envolvidos. Existe uma fiscalização por trás desse sêmen comercializado que faz com que ele tenha um valor agregado maior”, acrescenta Braga salientando que a qualidade do sêmen congelado ideal é o que apresenta níveis de aproximadamente 70% ou mais de motilidade de progressiva.
Já no caso de sêmen de qualidade inferior, mas que o material genético apresentou um importante resultado visando o melhoramento do rebanho, Braga vê também o uso da IAL com bons olhos. “Se o criador quiser usar um sêmen que não tem qualidade ideal, mas que melhora o rebanho, ele pode aumentar a quantidade de sêmen a ser usado e usar só em matrizes que responderam muito bem a sincronização de cio para a inseminação”.
Acesso e custo-benefício
Por fim, Braga explica que a maioria dos estados que apresentam um volume grande de ovinos dispõem de médicos veterinários qualificados para aplicação da IAL, de forma eficiente e com bons resultados. “É uma técnica acessível a todos, visto que tem veterinários capacitados, que tem sêmen de qualidade e é uma forma de se melhorar o rebanho porque o criador consegue utilizar carneiros que estão em outros estados e que são um material genético de qualidade que possa ser usado”.
Contudo, um dos quesitos que fazem com que a IAL não seja acessível a tantas pessoas é o custo dos hormônios que são utilizados para a sincronização do cio para que seja feita a inseminação. “Devido ao valor do dólar e ao momento da economia, os hormônios estão com o valor três vezes mais caros do que custavam a quatro anos atrás. Isso tem dificultado bastante a inseminação direcionada a pequenos produtores. Mas, mesmo com esses custos elevados, a IAL é muito usada nas principais cabanhas de ovinos e ainda é a biotecnologia mais usada no melhoramento genético”, finaliza.
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Por Natália de Oliveira/Agrovenki
Crédito da foto em destaque: Arquivo pessoal/Wilson Braga
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