O aprimoramento da criação de ovinos para abate no Brasil possibilitou deixar para trás a péssima impressão de que a carne de cordeiro exala um odor desconfortável durante o seu preparo, tanto que hoje é uma opção de sucesso nos principais restaurantes do país
Quando o assunto é churrasco as pessoas, certamente, já começam a imaginar aquela picanha ou fraldinha bovina assando na brasa. Mas, o que poucos sabem é que é possível fazer um bom churrasco com carne de cordeiro.
No Brasil, o consumo de cordeiro sempre foi muito baixo justamente porque, em primeiro lugar, a carne de boi – a preferida de 9 entre 10 brasileiros – ainda figura na preferência popular. Em segundo lugar, porque, tempos passados, a carne ovina ofertada nos grandes centros, era advinda de raças com aptidão genética para produzir lã e, em razão disso, eram abatidos com idade avançada. Daí resultava naquele odor desconfortável e até impróprio quando do preparo do churrasco.
Por anos, esta prática deixou uma péssima impressão, tanto que, por um bom período de tempo, consumidores em geral consideravam a carne de cordeiro ruim, não só por causa da falta de maciez, mas, principalmente, pelo já dito condenável odor exalado quando se iniciava o cozimento ou o assado.
Mas, hoje em dia, a coisa mudou, e muito. Pode-se encontrar no mercado carnes de alta qualidade e boa procedência, graças ao trabalho de abnegados e profissionais produtores da raça Dorper. Esta que produz animais precoces para o abate, com boa quantidade de gordura entremeada nas fibras da carne (marmoreio) e excelente acabamento.
Como resultado, a carne de cordeiro tem feito um sucesso grandioso em vários restaurantes do Brasil e eventos denominados de “churrascada”. Chefes de reconhecida capacidade buscam a sofisticação de pratos, servindo aos clientes o que há de melhor quando se fala em raça “Dorper Premium”.
Aprenta a preparar um bom cordeiro
No âmbito doméstico, há várias maneiras de se preparar um bom cordeiro. O conselho de muitos chefs é por assa-lo inteiro, no chamado fogo de chão, exatamente como nos bons e velhos tempos em que os arrieiros ou “bruaqueiros” (vaqueiros gaúchos) guiavam e comandavam as comitivas que buscavam o rebanho de ovelhas e carneiros em lugares distantes para o abate nos matadouros das cidades. Uma ou outra ovelha, no meio do caminho, era sacrificada e servia de alimento à comitiva.
À noite, enquanto o rebanho pernoitava descansando, os vaqueiros reuniam-se à volta do fogo para, nos bate-papos, lembrar da família e dos amigos distantes, saboreando a carne de cordeiro, lentamente assado no calor do fogo. Mas, na falta dos apetrechos para fazer o cordeiro no fogo de chão, a alternativa correta é adquirir um “kit cordeiro” disponível nas lojas especializadas.
As peças devem ser separadas, para então acrescentar o sal grosso – que deve ser sempre moído na hora – de forma a deixá-las assando em fogo médio, ou seja, com uma altura mínima de 15 cm do braseiro, por aproximadamente 1 hora, dependendo da intensidade do calor. As peças devem ser viradas de tempo em tempo. Nada de regar com molhos, hortelãs, ervas, etc. Isto fica por conta do molho que deve ser servido à parte e para quem gosta.
Comece, então, servindo as costelinhas, em forma de aperitivo. Passe depois para o
“carré” e para as “bistequinhas”. Por último, a paleta e o pernil, que sempre demoram mais para assar. Lembre-se que, tal qual como carne bovina, alguns preferem o cordeiro ao ponto, e até mal passado, de forma a manter a extrema suculência. Acompanhamentos? Farofa e arroz a carreteiro.
Assunto para discutir a parte é a questão das bebidas. Vinho ou cerveja? Há quem prefira o vinho. Se o tempo estiver muito quente opte pelos brancos, mas se você estiver churrasqueando no outono ou inverno, então, não hesite: vá direto a um bom vinho tinto. Já deu água na boca, não é mesmo? Então, no próximo churrasco em família ou entre amigos, não pestene e prepare um belo cordeiro. Bom apetite!