Estações bem definidas que possibilitam o planejamento das plantações e proporcionam, assim, oferta abundante de comida são só algumas das características marcantes desta região do país para os criadores das raças Dorper e White Dorper
Encerrando a série de reportagens “O Dorper no Brasil” produzido pela equipe de comunicação da ABCDorper – Associação Brasileira de Criadores de Dorper e White Dorper, que teve como objetivo abordar as diferenças nas criações em quatro regiões do país, desta vez iremos nos aprofundar em como é a criação no Sudeste.
Para tanto, conversamos com três criadores desta região que é marcada, no que se refere a clima, por suas variações. Por exemplo, o clima tropical predomina no litoral, com temperaturas altas e duas estações bem marcadas: verão chuvoso e inverno seco. Contudo, nos planaltos, é registrado o clima tropical de altitude, com grandes variações de temperatura.
De acordo com Valdomiro Poliselli Junior, presidente da ABCDorper e titular da VPJ Pecuária, situada em Mococa/SP, este tipo de clima presente no Sudeste penaliza, um pouco, as raças deslandas. Mas ele acredita que em um sistema com proteção de chuvas e umidade é possível produzir de forma adequada.
“Além disso, os sistemas de produção são sempre mais intensivos e adensados, tanto nas criações de raça pura como em cruzamentos para o abate onde se faz um melhor aproveitamento da comida, como pastos e alimentos de alta qualidade, com silagem e grãos e grandes volumes à disposição. Sem dúvida, as vantagens das criações no Sudeste estão relacionadas com a oferta abundante de comida”.
Márcio Cordeiro, da Cabanha Kaiowas, de Itapetininga/SP, cita que, salvo alguns extremos de seca ou chuva, as estações climáticas no Sudeste são muito bem definidas, possibilitando o planejamento para as plantações. “Pastagem realmente vai variar de acordo com a região, mas nossa cabanha está localizada em região de terra roxa, muito fértil. Então, temos abundância de pastagem o ano todo, exceto no fim do outono e inverno, onde temos que ter estoque de comida produzido nas outras estações”.
Da mesma opinião sobre o clima do sudeste compartilha Miguel Kalil, da Cabanha DDM, localizada em Águas de Lindoia/SP. “O clima aqui na região é muito bom, agradável. Os animais se sentem muito bem. Não faz tanto frio. Chove bem no verão, o pasto tem bastante, e comida tem também, que é silagem vinda da plantação de milho”.
Ainda falando sobre as vantagens na criação nesta região, Valdomiro cita outro ponto importante que merece ser lembrado. Trata-se do mercado de carne, onde a região Sudeste é a maior consumidora. “Em termos de remuneração, tanto das raças puras como de animais cruzados, avalio ser muito boa e com excelente liquidez para reprodutores, matrizes e animais para abate (o valor da @ de cordeiro paga no Brasil é um dos maiores do mundo)”.
Márcio Cordeiro ainda lembra como vantagem a grande concentração de criadores de genética Dorper no Sudeste, o que facilita o intercâmbio entre as cabanhas. “Visitação, comparação de trabalho, exposições bem estruturadas, apoio de uma associação estadual consolidada e muito experiente como a Aspaco”, cita.
Desafios na criação no Sudeste
Quando o assunto são os desafios enfrentamos pelos criadores da região, Valdomiro e Miguel entram em um consenso em um quesito: as escalas de criação que, segundo eles, geralmente são pequenas. Afinal, a criação de ovinos comerciais para abate precisa ter volume e escala. “Isso faz com que a criação de ovino seja um pouco mais extensiva como do gado”, afirma o titular da Cabanha DDM.
No caso dos criadores de raça pura, outros desafios são enfrentados, segundo Valdomiro. Como a falta de frigoríficos com SIF no estado e, principalmente, de exposições de morfologia, o que acaba desmotivando bastante os criadores. “São nestes eventos que os criadores podem apresentar seus resultados de seleção, os julgamentos em exposições credencia e valoriza animais superiores. A união entre os criadores é exatamente o trabalho que estamos procurando fazer através da ABCDorper, para termos maior integração e engajamento das Raças Dorper e White Dorper”.
Já para o titular da Cabanha Kaiowas o principal entrave da criação no Sudeste é a saturação do mercado de reprodutores comerciais ou mesmo animais de alta genética. “Como existem muitos criadores no Sudeste, a concorrência aumenta e o mercado mais comprador passa a ser Norte e Nordeste. Outro ponto negativo é que não temos caminhões com motoristas experientes nesta atividade. Muitos criadores deixam de comprar por considerar complicada a logística.”
Por fim, os três criadores são unânimes ao concordarem com um dos principais desafios na criação no Sudeste, bem como em outras regiões do país como vimos nesta série especial “O Dorper no Brasil”: a falta de mão de obra qualificada.
“O caso mão de obra talvez seja o maior desafio dos criadores do Sudeste por falta de especialização das pessoas envolvidas com ovinos e, na maioria dos casos, são colaboradores importados do Nordeste ou do Sul do País”, cita Valdomiro. “Principal entrave sempre foi e sempre vai ser a mão-de-obra”, reforça Márcio. “Mão-de-obra qualificada está muito escassa”, finaliza Miguel.
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Por Natália de Oliveira/Agrovenki
Crédito da foto em destaque: Divulgação/VPJ Pecuária
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