A busca pela excelência genética no rebanho brasileiro

Neste artigo, o jurado sul-africano Daan Bosman traz o seu ponto de vista sobre a criação brasileira das raças

Quem é amante da ovinocultura sabe que o Dorper e o White Dorper são as raças ovinas que mais crescem no mundo. Afinal, a habilidade que elas possuem em se adaptar as mais variadas condições de manejo praticadas tem contribuído enormemente para a sua popularidade.

Como resultado, o Dorper é encontrado, atualmente, em todos os continentes. Na África do Sul há cerca de 7 a 8 milhões de Dorpers, o que faz dela a raça mais criada no país. Tanto que nos últimos 20 anos as competições sul-africanas de carcaças ovinas têm sido dominadas pelas raças Dorper e White Dorper – uma honra para os criadores pela qualidade na conformação e distribuição de gordura na carcaça.

Já no Brasil se estabeleceu um crescimento muito rápido do rebanho de animais Dorper e White Dorper registrados – de 35 mil registrados em 2009 para 122.500 em 2018 (crescimento de 350%). Sendo assim, hoje em dia, são cerca de 140.000 animais registrados e 1.000 criadores espalhados por 21 Estados, de acordo com dados da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO).

Contudo, nem todos os embriões importados pelo Brasil trouxeram uma contribuição positiva para a qualidade da raça Dorper, bem como para a raça White Dorper, mas o “pool” genético é muito grande. É possível encontrar uma grande diferença no tipo e conformação em quase todos os criatórios de Dorper e White Dorper.

A África do Sul, aliás, tem exportado embriões para todo o mundo, já a Austrália tem exportado animais vivos além dos embriões. Em alguns países a indústria da lã tem

passado por dificuldades e, por isso, foi difícil a introdução das raças Dorper e White Dorper na Austrália, pois a predominância era de raças lanadas.

Por lá, há alguns anos a raça Dorper e White Dorper, predominantemente, têm sido utilizadas em programas de cruzamento com a raça Merino, que a partir da segunda ou terceira geração deste cruzamento tem-se obtido animais com excelente qualidade de carne e pouca lã. Sem dúvidas, em alguns anos o número de animais Dorper será muito superior ao de Merino, raça pela qual a Austrália é tradicionalmente famosa.

A fim de auxiliar os criadores brasileiros quanto ao trabalho que vêem realizando, a ABCDorper sempre buscou promover treinamentos e workshops com jurados e inspetores técnicos especializados para falar sobre conformação e os tipo desejáveis dentro das raças. Estas ações servem para orientar os criadores a direção certa a seguir.

Ao meu ver, um problema que os criadores de animais PO (Puros de origem) têm enfrentado é a falta de valorização dos animais comerciais. O rebanho PO não tem como sobreviver se não houver um grande rebanho comercial de animais para produção de carne. Assim, é muito importante que a Associação e os criadores trabalhem juntos para estabelecer produtores comerciais de Dorper e melhorar o consumo de carne de cordeiro pela população. Isso garantirá um contínuo comércio de bons animais PO.