Após o marido perder o gosto pela criação, Roberta Simões assumiu o rebanho e, através de capacitação, conseguiu transformar um negócio que até então só gerava prejuízos em algo rentável
De uns tempos pra cá, já não é mais incomum encontrar mulheres à frente de propriedades rurais. Tanto que, de acordo com dados do último Censo Agro, há quase 1 milhão de mulheres trabalhando como produtoras. Dentro dessa estatística está Roberta Simões, titular do Rebanho SMelo, de Araripina, no estado de Pernambuco.
Apesar de comandar há anos um restaurante na região, ela resolveu entrar na ovinocultura ao ver que o marido, Alan Melo, havia perdido o interesse pela criação do Dorper que mantinha desde 2009. “Depois de seis anos, ele foi perdendo o gosto, não via lucratividade na criação, mas era por causa de não fazer alimentação. Daí fui até o meu esposo e falei ‘Rapaz, o que está acontecendo?’ Foi quando ele respondeu que, se eu quisesse, podia ficar com tudo. Daí eu ganhei um rebanho”, lembra a criadora.
Para dar conta de tocar a criação Roberta começou a estudar. Fez cursos sobre como fazer pastagem, sanidade, alimentação. Tudo para adaptar o seu rebanho a outra realidade. Pelo caminho, ela contou com a ajuda de muitos amigos que a raça Dorper lhe proporcionou. Dessa forma, os animais foram tomando forma.
“Em 2017, estava pronta, com os animais com outra cara. Tudo ajustado, mas faltava uma coisa: aprender amansar. Foi quando fui à Nacional, em Valinhos/SP e vi uma outra mulher desmanchando na pista com uma linda borrega. Foi aí que percebi que era possível e fui atrás pra aprender”.
Assim, Roberta passou a arrumar os animais e mandou, no mesmo ano, algumas borregas para a Exposição Nordestina, em Maceió. Depois, levou para outro evento em Oeiras. Ambos, obteve excelentes resultados. “Daí segui participando sempre das exposições ranqueadas aqui pelo Nordeste e fazendo bonito, até fazer a Campeã Nordestina 2020”, celebra.
Como resultado de tanta dedicação, Roberta transformou a criação de ovinos, que até então só gerava prejuízos, em algo rentável. “Pista é excelente. Agrega muito para a cabanha. As vendas aumentaram e hoje não tenho mais prejuízos. O negócio foi resgatado com o Rebanho SMelo e tenho como uma segunda fonte de renda.”
Dificuldades pelo caminho e preconceito
Roberta faz questão de frisar que a jornada não foi nem é fácil. Ainda mais porque o ramo de atuação dela até então, que estava somente à frente de um restaurante, era totalmente diferente. Foi por isso que ela priorizou buscar capacitação para tocar os animais do Rebanho SMelo.
“Fazer um bom curso, com o estudo da raça Dorper, vai fazer a diferença. Porque ali vai ser o caminho de sua seleção. Ali você saberá todas as respostas para seu rebanho, se está ou não no caminho”, acrescenta.
Além disso, ela cita o preconceito por ser mulher em um meio predominantemente masculino. “Esse preconceito tem e muito. Ainda mais aqui no Nordeste. Se eu tiver na exposição, eu falo, não sou de ficar calada. Sou de ir em busca, do aprendizado, de saber das coisas. E isso incomoda. Nós mulheres somos vistas como um calho grande. São poucas mulheres que estão na ovinocultura, mas se você ver, no geral, elas se destacam. Porque a mulher é um bicho caprichoso, a gente sabe que tem um olhar diferente”.
Mesmo assim, ela tem sim o reconhecimento no meio de tantos homens. “Até o meu esposo, é gratificante. E também dou uma dica. Associa-se a ABCDorper, porque vai ser seu nome, sua marca, que vai estar sendo vista. Isso faz a diferença”, finaliza.
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Por Natália de Oliveira/Agrovenki
Crédito das fotos: Arquivo pessoal/Roberta Simôes
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