Trabalho de seleção dos criadores brasileiros visa aprimorar as características desejáveis da raça Dorper & White Dorper, especializada em produção de carne
Por Luiz Alberto Vicente Teixeira e Eduardo Teixeira
Genética (do grego genno, fazer nascer) é a ciência dos genes, da hereditariedade e da variação dos organismos. Sobretudo, é o ramo da biologia que estuda a forma como se transmitem as características biológicas de geração para geração. Do outro lado, há o selecionador, aquele que escolhe cuidadosamente, a partir de determinados critérios ou características.
Segundo as definições acima, o trabalho dos criadores selecionadores brasileiros da
raça Dorper & White Dorper é dar continuidade a um trabalho iniciado por fazendeiros na Africa do Sul há 60 anos. Observando, assim, a multiplicação de individuos que mostrem melhoria das características desejáveis. Ou seja, o que o mercado está procurando numa raça que é especializada em produção de carne.
Nesse sentido, o padrão racial nos dá um norte de onde queremos chegar:
- Aprumos – Animais a campo, para produzir carne, tem que andar em busca de comida e água. Para tal, precisam de bons aprumos;
- Cabeça – Forte, com mandibulas fortes para poder comer bem;
- Balanço – Mostrando o equilibrio de produção de carne e funcionalidade em todo o corpo;
- Comprimento – quanto maior mais rendimento de carcaça;
- Acúmulo e distribuição de gordura – importante para a qualidade da carne;
- Cobertura – é importante manter lã e pelo, mostrando a carga genética balanceada das duas raças mães (rusticidade do Persian e Carcaça do Dorset). Se fugimos para o cabelo, estamos selecionando os genes do persian e perdemos carcaça. Se vamos para a lã, vem juntos os genes de Dorset e perdemos a rusticidade e fertilidade.
Portanto, manter o crescimento e evolução da raça e do rebanho Dorper & White Dorper, requer uma constante observação de todas as características positivas e negativas presentes nela. Bem como utilizar genéticas melhoradoras, visando corrigir e injetar o que se faz necessário melhorar.
Sem dúvidas, os criadores de ovinos brasilieros já importaram milhares de embriões da Africa do Sul e Austrália. Como resultado, houve muitas decepções neste caminho. Porém, hoje o Brasil já encontrou um padrão excelente de animais nas exposições e isto denota que o país está conseguindo selecionar e multiplicar o que tem de melhor.
Ferramentas
Para ajudar a selecionar os bons genes do rebanho brasilerio é necessário implementar tecnologias, ferramentas de medição e indicadores. O que trará, sem dúvidas, mais lucratividade.
Nesse sentido, os criadores brasileiros podem conseguir evoluir usando:
- Dedicação e observação do rebanho;
- Tecnologias de reprodução avançadas, TE, FIV, inseminações, multiplicando o que há de melhor, com mais velocidade, porém com um custo maior, porém com inúmeros benefícios para o criador, se bem utilizadas.
- Índices zootécnicos, a exemplo de peso na apartação, ganho de peso até a
confirmação, rendimento das carcaças dos produtos que vão para o abate.
- Medição de olho de lombo – Associado com rendimento de carcaça, rusticidade, tolerância a verminoses etc..
- Indice de partos múltiplos, relacionando a determinadas genéticas e a genes
especificos como o gene Booroola, no Brasil, que possui foi desenvolvido e pesquisado pela Embrapa Sul.
- As medições de DEPs, (diferença esperada de progenie), que foi elaborada nos Estados Unidos e é aplicada no Brasil desde a década de 70. Ela possibilita comparar, tecnicamente, animais de uma mesma raça independentemente deles serem de um mesmo rebanho e de apenas um proprietário. Trata-se, portanto, de uma ferramenta científica de seleção para alterar a genética de rebanhos em qualquer direção desejada. Os valores de DEP permitem aos criadores comparar adequadamente todos os animais de uma raça sob a mesma base.
Somente assim, associando ferramentas de medição junto com a avaliação de jurados alinhados com os padrões raciais juntamente com a decisão do selecionador para onde a raça deseja evoluir, é que será possível tomar decisões de acasalamento e melhorias genéticas no rebanho brasileiro.
Conflitos e dualidades
Devemos como selecionadores primordialmente,implementar metas de melhorias,com visão estrategica de futuro, que tornem a nossa atividade, uma atividade sustentável e de longo prazo, promovendo o crescimento da raça.
- Selecionar genéticas e genes produtivos, alinhados com a finalidade da raça, que é a produção de carne, fertilidade, rusticidade.
- Fomentar a organização de toda a cadeiada carne ovina , que é onde esta a base
do mercado consumidor de genética ,sabendo que no Brasil a base produtiva de carne ovina esta no pequeno criador e no nordeste,na Agricultura familiar.
- Formar e escolher e apoiar Jurados alinhados com a nossa visão de futuro
da raça,para não ficarmos na “montanha russa” dos julgamentos.
- Desonerar a produção de genética, julgando cada vez mais animais funcionais rústicos e produtivos independente de tamanho.
- Caminhar para a implementação dos DEPs , como ferramenta de evolução da
nossa Raça Dorper e White Dorper
Criar e desenvolver uma genética de alto padrão é um trabalho que nunca termina, pois a busca de melhorias é continua e interminavél, e só se consegue realizar este desafio com dedicação e paixão.