Trata-se de uma doença degenerativa dos músculos cardíaco e/ou esquelético, de caráter hiperagudo, agudo ou subagudo, causada pela deficiência de vitamina E e exercícios físicos exagerados
Sabemos que problemas sanitários no rebanho nem sempre são facilmente identificáveis pelo produtor. Afinal, algumas doenças podem ser confundidas com outras devido aos sintomas semelhantes. É o caso, por exemplo, da distrofia muscular nutricional, mais conhecida como doença do músculo branco, que pode afetar todas as espécies de ruminantes.
A denominação popular da enfermidade deve-se à coloração pálida dos músculos acometidos, explica a veterinária Byanca Ribeiro Araújo. “É uma doença degenerativa dos músculos cardíaco e/ou esquelético, de caráter hiperagudo, agudo ou subagudo, causada pela deficiência de vitamina E e exercícios físicos exagerados. Outra causa pode ser a carência de selênio”, detalha a especialista.
A enfermidade, segundo Byanca, acomete principalmente os animais jovens que estão em fase de crescimento rápido ou animais submetidos ao excesso de ácidos graxos insaturados na alimentação. “Atendi casos que envolveram principalmente ovinos na faixa etária entre três e cinco meses e submetidos ao confinamento. Normalmente, são exemplares que crescem rápido demais e que recebem apenas feno como alimento
volumoso. Ácidos graxos insaturados, fornecidos por meio de oleaginosas para acelerar o crescimento, também podem favorecer o surgimento da doença”, acrescenta.
A distrofia muscular nutricional é uma enfermidade de alta letalidade, inclusive com a ocorrência frequente de casos de morte súbita. Os principais sintomas são alterações respiratórias, apatia, taquipneia, taquicardia, hipertermia, tremores musculares, incoordenação motora e intolerância ao exercício.
“É uma doença que necessita de um diagnóstico cuidadoso e detalhado, realizado na propriedade, com informações sobre o manejo alimentar, com os ingredientes e percentual na formulação das rações fornecidas. Além disso, na maioria dos surtos, a realização de exames complementares, como histopatologia e dosagem enzimática e de minerais, é indispensável para um diagnóstico definitivo”, assinala Byanca.
Prevenção e tratamento
A prevenção da doença do músculo branco requer atenção a práticas de manejo adequadas, o que inclui evitar a superlotação nos apriscos e o fornecimento de uma alimentação balanceada. “Indicamos a suplementação de vitamina E a animais confinados e alimentados apenas com feno como fonte de volumoso e para os exemplares na faixa etária de risco. Também podemos recomendar a suplementação de selênio, especialmente em regiões onde há deficiência deste mineral, o que pode ser identificado com análise de solo”, orienta a veterinária.
O manejo alimentar deve ser conduzido adequadamente e imediatamente a partir do diagnóstico da enfermidade. “O ideal é a privação de concentrado e suplementação com
vitamina E e/ou selênio. Outra medida bastante importante é a reposição de alimentação de volumoso, com introdução de alimento verde à vontade, em casos de animais com alimentação à base de feno”, destaca Byanca.
Ademais, outro ponto importante é a redução dos fatores estressantes para os ovinos acometidos, o que significa deixá-los em ambiente calmo e com movimentação limitada, evitando excitabilidade e tremores intensos devido à movimentação, o que pode levar o animal a óbito.
De uma forma geral, como atitude preventiva, é importante que o produtor e o veterinário estejam atentos ao manejo alimentar do rebanho, principalmente em propriedades que formulam a ração que é fornecida. “A deficiência ou o excesso de vitaminas e minerais podem causar um desequilíbrio nutricional que leva a enfermidades graves”, conclui a especialista.